25 de janeiro de 2014

Um ponto ínfimo no universo.

Minha mãe disse que sentia-se como uma bolha minúscula vagando pelo universo, uma bolha insignificante e sem rumo, uma ínfima bolha perdida prestes a estourar e a desaparecer - e sem ninguém dar-se conta disso.
Seus olhos brilhavam úmidos, exatamente como uma bolha de sabão, e fitavam a parede branca da nossa sala de estar, a sua mente não estava ali, sua presença era apenas uma casca triste e cansada, boca crispada e dedos imóveis repousavam sobre o caderno de finanças.
Eu sempre soube que mamãe sentia-se dessa maneira, principalmente quando ela chegava em casa e deitava na cama bagunçada e dormia por horas a fio.
Minha mãe sabe que eu me sinto da mesma maneira. Nós duas somos um par de bolhas coladas uma a outra, pequenas e ridículas. Se ela estourar, eu também deixo de existir.


(foi com esse texto escrito em junho de 2013, que deu-me inspiração para colocar o nome da minha página "Universo em bolha de tinta")

9 de janeiro de 2014

Desejo


Queria anular a minha existência
Pintar o rosto todo
e ficar irreconhecível.
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