Esse teatro virou um símbolo pessoal de reencontro com a minha amiga Mariana. Ficamos anos longe uma da outra, mas pudemos enfim voltar a nos ver, e espero que a distância não fique entre nós novamente.
Eu a convidei para conhecer esse teatro comigo, estava na minha lista dos cem lugares para visitar. Vimos uma peça em cartaz chamada "Eu sou eu porque meu cachorrinho me conhece", fiquei interessada por conter trechos de Gertrude Stein e por ser dirigido por uma mulher (Martha Ribeiro).
Chegamos lá e deu para perceber que é um teatro não muito frequentado, ele é escuro e tem cheiro de coisas guardadas. Eu amei a atmosfera, era como encontrar um local secreto no meio da cidade do Rio de Janeiro!
Enquanto esperávamos a peça começar, uma senhora gentil passou vendendo biscoitinhos, ela disse que vai à todos os teatros vendendo biscoitos de queijo e de coco.
Nós nos sentamos nas últimas poltronas, e descobrimos que era a estréia da peça, era o primeiro dia e tínhamos ido de modo totalmente aleatório.
#100em1 é um projeto que consiste em visitar 100 novos lugares no período de um ano! Aqui tem mais sobre o projeto e regrinhas.
Os atores disseram que não era permitido tirar fotos e gravar sem a autorização, então eu não registrei a peça. Foi uma experiência de 1h de tirar o fôlego! Experimentei tantas emoções que eu e minha amiga ficamos impactadas o tempo inteiro, e até depois de muitas horas.
A peça misturava ficção e realidade, e em muitos momentos não dava para saber se quem falava era o personagem ou o ator. Muitas questões foram levantadas, como a ideia de que uma peça precise dar sentido e mensagem, e sobre as perspectivas diferentes de quem está no palco e quem está na platéia.
Eu sou eu porque meu cachorrinho me conhece começou com uma cena de vários orgasmos, o palco meio escuro, apenas iluminado com uma luz vermelha. Os personagens surgindo e se questionando da própria existência.
Queria ter ido nos dias seguintes da peça, mas muitos compromissos apareceram e eu não pude ir. Caso entre em cartaz novamente, com certeza assistirei de novo!
Os performers são do Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea: Ariel, Beanã Sophi, Eduardo Ibraim, Gabriel Gusttavo, Joana Caetano, Nua Del Fiol, Tatiana Delgado, Lucas Rodrigues, Yuvita Gusti.
Descobrimos depois que o teatro leva o nome de uma atriz brasileira, Glauce Rocha, nascida em Mato Grosso do Sul, na década de 30!
Pesquisei e vi que ela lutou contra a censura e também era tão dedicada ao seu trabalho e à sua arte, que saía febril dos palcos, e faleceu aos 41 anos de tanto trabalhar!
Eu fiquei encantada por ter ido ver uma peça dirigida por uma mulher, contendo trechos de uma escritora, performada por atrizes e por pessoas trans, num teatro que leva o nome de uma mulher incrível!
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Av. Rio Branco, 179 - Centro
Rio de Janeiro - RJ
Chegou agosto e o BEDA (Blog Every Day August) vem junto! Significa que todos os dias desse mês o blog será atualizado!