5 de fevereiro de 2016

Eu morri e você não sabe disso.


Já faz quatorze minutos que eu olho atônita para o meu corpo gelado, que se encontra estirado em cima da cama. Minha pele parece perder a cor rapidamente, e meu peito já não se move em ritmo, pois eu não respiro mais.
Foi desta maneira aterrorizante em que encontrei-me pela manhã, era o meu aniversário (não oficialmente, visto que eu nasci no horário da tarde) e eu tampouco me recordava de minha idade, de qualquer maneira eu ainda era jovem, pois minha pele era lisa e macia, meu sangue tão quente corria pelas veias e escorria em vermelho escuro quando eu machucava-me. Agora não há mais nada para se fazer. Eu respiro fundo, entretanto não é bem um “respirar”, é apenas uma forma de falar. Levantei-me da cama quando acordei, mas meu corpo não me acompanhou. Eu pareço agora ser feita de névoa. Demorei um bocado para entender que não estava mais viva.
Os cabelos de meu antigo corpo dançam no travesseiro, logo percebo que a janela está aberta. Eu sinto vontade de puxar a coberta para proteger-me, mas as minhas novas mãos não são capazes nem de sentir a textura do tecido. Fico terrivelmente triste.
Sempre pensei que o céu ficasse mais bonito e que o sol brilhasse mais quando partimos, mas nada mudou.
Permaneço deitada na cama ao lado de meu antigo corpo. O apartamento está silencioso e gelado, mas não há cheiro de morte. O único odor que eu consigo sentir vem do lado de fora da janela, o vizinho por certo está cozinhando o café-da-manhã. Isso me lembra que nunca fiz esforços para conhecer os meus vizinhos. Enquanto viva nunca me aproximei de fato das pessoas.
Eu morri enquanto dormia e encontrei pílulas em cima da pia do banheiro, não me lembro de tê-las tomado, mas sinto um gosto amargo na boca.
Em cima da cômoda uma mensagem sua de um mês atrás me diz adeus, o celular está virado para o meu rosto, decerto foi a última coisa que eu vi antes de dormir.
Eu queria poder encostar nos móveis, escrever uma carta ou fazer um telefonema, qualquer coisa, porém as minhas mãos atravessam os objetos.
Eu permaneço deitada ao lado de meu corpo. Queria dormir e morrer, mas já estou morta... Eu morri e você nem sabe disso.


Tema: 78. A morte é...

6 comentários:

  1. Que lindo *-* você escreve de um jeito único e maravilhoso
    achei esse projeto super legal e criativo <3

    beijinhos
    transbor-dando.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Uauuuuuuu <33333333
    Xonada no texto!

    ResponderExcluir
  3. Oi Bruna,

    Eu estou simplesmente de boca aberta depois de ler tudo isso! Não consigo nem descrever o quanto gostei e o que senti ao ler suas palavras <3

    Aah, te indiquei em uma TAG no meu blog, fique a vontade para responder se quiser!
    http://faladaraalves.blogspot.com.br/2016/02/tag-descobrindo-novos-blogs.html

    Beijoos :)

    ResponderExcluir
  4. Oi Bruna,

    Eu estou simplesmente de boca aberta depois de ler tudo isso! Não consigo nem descrever o quanto gostei e o que senti ao ler suas palavras <3

    Aah, te indiquei em uma TAG no meu blog, fique a vontade para responder se quiser!
    http://faladaraalves.blogspot.com.br/2016/02/tag-descobrindo-novos-blogs.html

    Beijoos :)

    ResponderExcluir
  5. Amei seu blog e seus textos! <3

    espressioni.com.br

    ResponderExcluir
  6. Maravilhoso! Amei o blog e o que tu escreve!

    ResponderExcluir

Oie! Seu comentário é muito bem vindo *-*, espero que tenha gostado do que leu e que volte sempre <3.

Clique em "notifique-me" caso queria receber um aviso de minha resposta ao seu comentário! Beijinhos.

© Bruna Morgan | Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento por: Colorindo Design | Tecnologia do Blogger.