
Antes do início do ano, eu resolvi arrumar minha estante de livros e doar mais da metade deles. Antigamente, eu comprava mil livros e queria encher a minha casa deles, porém a vida foi mudando e percebi que acumular coisas que talvez nem tenham tanto significado para mim, é algo que me desgasta emocionalmente.
Olhei em volta e me perguntei por quê tenho tantas coisas que nem são tão importantes assim, que estão ali encostadas apenas pegando poeira? Resolvi jogar fora ou doar: coisas que estavam quebradas e que eu pretendia consertar (esse dia nunca chegaria), presentes de pessoas que não fazem mais parte da minha vida e que me machucaram, papéis de anotações que nem me lembro mais sobre o que são, materiais que nunca usarei, livros que nunca lerei, livros que nem gostei tanto assim de ler, roupas que não cabem mais em mim, roupas que não fazem mais parte do meu estilo, e por aí vai.
Mas e quanto à pessoas? Elas vem e saem de nossas vidas, algumas ficam por bastante tempo, e outras por poucos momentos. Eu tenho dificuldade para me desapegar de gente. Tento segurá-las no meu círculo social, até mesmo quando demonstram que o tempo delas na minha vida já passou. Como desapegar de uma amizade ou de uma paixão platônica, quando a minha vontade é de ver e passar horas com a pessoa?
Eu fico triste quando sou a única a insistir em uma relação, então desde o final do ano passado, tenho tentado me desapegar de pessoas que não parecem dar tanta importância à minha presença. Eu insisto algumas vezes, mas logo saio de cena.
Eu guardo pessoas como costumava guardar meus livros. Preciso deixar à vista somente aqueles que me fazem bem e que prezam pela minha amizade. É difícil, mas vou aprender a desapegar de objetos e de pessoas.