13 de março de 2012

Deixem o Zé em paz!

Famoso sou eu.
Em cada canto,
Em cada verso
Meu nome dança
“Oh, Zé! Oh, Zé!”

Na boca de poetas,
Em letreiro de ônibus,
Na fofoca do povo,
Na boca de escritores anônimos.

Até pseudo-intelectuais me chamam,
Para falar de coisas que eu não perguntei,
Não dou à mínima e depois reclamam
Se eu jogo-lhes na cara o que sei.
Ora, mas não imaginam o nó de gravata que merecem!
Apenas Lispector e C. F. Abreu conhecem.

Pouca gente sabe do meu amigo,
Que o ceifeiro já deu cabo,
Drummond achou que eu tivesse morrido.
Morri e revivi com essa gente me invocando feito diabo.

Virei íntimo de tanta gente,
Sem vontade alguma,
Agora de pessoas atrás tenho uma enchente,
Tempo bom era quando eu vivia na penumbra.

Se me contam segredos,
Se choram em meu ombro
Ou se me esbofeteiam.
Riem comigo
E choram
E gritam.

Chamam meu nome
Centenas de vezes mais.
“Oh, Zé! Oh, Zé!”.

Acordam-me na madrugada,
Não escutam nem o que eu digo,
Não me deixam lavar a cara,
Só querem falar em meu ouvido.

Da paciência o poeta me suga,
Cansei desse papo de coração alheio,
Prefiro que em mim nasça verruga,
Bato o pé, já disse que não sou conselheiro.
Essa gente só me abusa,
Colocam meu nome em cada texto,
Do nada virei musa.

Quero ver quando eu for ao cartório,
E num pé só eu voltar,
Deixo que façam um velório,
Pois nada poético meu novo nome será!

3 comentários:

  1. kkkk Adorei, mesmo não sendo fã de poesias!!! o.O

    http://acessopermitidoblog.blogspot.com/

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  2. kkk Bem legal mesmo o poema! ADorei...com um toque de humor!Beijos!
    http://palomaviricio.blogspot.com

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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