11 de fevereiro de 2015

Flutuar



Às vezes eu não consigo distinguir o que é ficção e o que é realidade. Eu esfrego as mãos na parede para me certificar de que não consigo atravessá-la. Sinto a textura porosa em minha pele, mas não é o bastante. Minhas mãos tocam o concreto, porém os meus pés parecem voar, e flutuar centímetros acima do chão, eu tenho medo e procuro a batente da porta para segurar-me. Comprimo os dedos dos pés para sentir a madeira sintética do piso, sinto as linhas e os redemoinhos que tentaram imitar da madeira, aperto meus dedos de encontro ao chão até as unhas machucarem a carne, ainda não é o bastante para eu sentir a realidade.
Eu fico zonza, é como se meu corpo fosse desaparecer aos poucos e se fundir com o ar, é como se minha alma virasse poeira e pudesse voar. Tudo o que me impossibilita de flutuar é esse corpo de carne.

(clique) Música que escutei enquanto andava pelo apartamento (clique).

Um comentário:

  1. Oi Bruna. Muito legal seu texto. Eu penso que tudo é realidade, o que muda é a frequência e dimensão. E se você tiver aquela fé do tamanho de grão de mostarda que Jesus falou para se imaginar tão leve quanto uma pena, com certeza, conseguirá flutuar. rsrs

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