Celeida foi uma escultora carioca, nascida em 1929, e falecida em 1995 (1 ano depois que eu nasci). Eu descobri que ela estudou na EBA, mas acho que foi na época em que era no Centro do Rio. Fiquei imaginando um pouco na possibilidade de ela ter andado pelos corredores que agora eu ando, teria sido legal.
Suas obras que ficaram mais marcadas em mim foram: Rito de Passagem e Gesto Arcaico. Tirei foto de ambos e postei abaixo.
Rito de Passagem
Impactante, ela sai de um útero de barro, aos poucos vai nascendo, seu corpo nú e coberto pela matéria da Terra. Do barro nasceu. Em suas palavras: "Meu trabalho é o nascimento. Ele nasceu como eu mesma nasci - de uma relação. Relação com a terra, com o orgânico, o inorgânico, o animal, o vegetal. Misturar os materiais mais diversos e opostos. Entrei na intimidade desses materiais que se transformaram em corpos cerâmicos. Começaram a surgir bolas. Bolas com furos, com fendas, com rompimentos que me sugeriam vaginas, passagens. Senti então a necessidade imensa de misturar-me com o meu material de trabalho. Sentir o barro em meu corpo, fazer parte dele, estar dentro dele." Celeida cria uma sequência em que ela é colocada em um grande vaso de barro, onde o mesmo é tapado aos poucos pelas mãos de outras mulheres. A artista fica então no escuro, dentro do útero de argila, provavelmente o cheiro de terra enche-lhe os pulmões. Em seguida, como se estivesse (re)nascendo, ela rasga o útero de barro engatinhando.
Eu queria ter tirado mais fotos, porém tinha que devolver o livro na mesma hora para a professora. Há mais fotos nesse site.
Termina com esse poema:
Despojei-me
Cobri meu corpo de barro e fui.
Entrei no bojo do escuro, ventre da terra.
O tempo perdeu o sentido de tempo.
Cheguei ao amorfo.
Posso ter sido mineral, animal, vegetal.
Não sei o que fui.
Não sei onde estava. Espaço.
A história não existia mais.
Sons ressoavam. Saíam de mim.
Dor.
Não sei por onde andei.
O escuro, os sons, a dor, se confundiam.
Transmutação.
O espaço encolheu.
Saí. Voltei.
Gesto Arcaico
Foi uma instalação apresentada na XXI Bienal de São Paulo, em 1991. Minha professora disse que também ficou exposta no Parque Lage (RJ), local onde foi criado. Essa obra reúne mais de 20 mil "amassadinhos" (como Celeida denominou e alguns podem ser vistos na foto acima), cada um feito por uma pessoa diferente. Todos esses pequenos barros apertados ficaram presos num mural bem grande (foto abaixo), com uma roda gigante de cerâmica no meio do chão.
Todas as mãos reunidas num só local, guardando diversas origens, sentimentos, modos de fincar os dedos no barro. Há dedos de presidiários, crianças, idosos, prostitutas, professores, artistas, vendedores, moradores de rua.
Nossa, que fantástico!
ResponderExcluirE esse poema então...
"Não sei o que fui.
Não sei onde estava. Espaço.
A história não existia mais."
Pode me visitar?
http://florescendo-m.blogspot.com.br/
mds me abraça que lindaa mulher e maravilhosa a arte dela. poemas <3
ResponderExcluirhttp://www.dosedeestrela.com.br/
Woooal! Que lindo <3
ResponderExcluirEu gosto bastante de arte, mas não são todas que consigo sentir, apreciar e entender (isso porque minha irmã é formada em artes XDD)
Essa escultora,em especial, nunca ouvi falar, mas achei bem interessante e um pouco assustador o trabalho dela (nem minha irmã conhecia, mas já mostrei p ela :P)
Parabéns pelo post e por trazer coisas novas <3
Bjoo :***
Nerd de Pijama
Que lindo! Estudou na Faculdade que quero!!!! <3
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