Muitas vezes eu me sinto presa no tempo, como se não fizesse parte dessa realidade, aquela sensação de não pertencer à lugar nenhum. E não consigo aproveitar os momentos com as pessoas que gosto. Eu preciso segurar algum detalhe na cabeça, escrever sobre como foi o dia, só assim sinto que aconteceu. As pessoas percebem, e eu tenho que me esforçar para participar.
Eu sentia o concreto da mesa de praça nos meus dedos, aquela mesa pintada com quadradinhos pretos e brancos, para os velhos jogarem dama ou xadrez. Mas não tinha nenhum velho àquela noite, apenas jovens bebendo e rindo. Eu batucava os dedos e esfregava as minhas unhas no concreto da mesa, mas não sentia que era real. Meus amigos notaram e perguntaram porquê eu estava tão quieta. Eu precisava sair de dentro da minha cabeça. Como eles conseguem tão naturalmente apenas estar ali de corpo e mente? Por que eu não consigo?
Eu levantei e fui com meu amigo até dentro do bar, descobrir que música estava tocando. Era Cólera. Eu conhecia a banda, mas não conseguia distinguir do outro lado da praça. A sensação de estar ali se tornou mais palpável.
Sinto-me triste por precisar, de alguma forma, provar a mim mesma que pertenço ao presente. É estranho, mas a realidade parece uma névoa para mim. Será que algum dia sentirei o peso da gravidade, e poderei rir naturalmente com meus amigos, sem a sensação de que de repente sumirei como as pétalas de um dente-de-leão sopradas ao vento?
Sinto-me triste por precisar, de alguma forma, provar a mim mesma que pertenço ao presente. É estranho, mas a realidade parece uma névoa para mim. Será que algum dia sentirei o peso da gravidade, e poderei rir naturalmente com meus amigos, sem a sensação de que de repente sumirei como as pétalas de um dente-de-leão sopradas ao vento?
Ilustração: Elliana Esquivel
Sentir-se distante das coisas ao nosso redor é angustiante.
ResponderExcluirGostei da sua metáfora com o dente-de-leão, define bem essa sensação, como se pudéssemos desabar a qualquer instante. Tem um trecho do livro Ponte Para Terabítia que gosto muito que diz assim:
"Ás vezes tinha a impressão de que sua vida era delicada como aquela florzinha do mato que chamam dente-de-leão. Bastava um soprinho à toa, em qualquer direção, e tudo se desmancharia"
Acho que combina com seu texto...
Beijos!
Aterrar é a solução :)
ResponderExcluirÄs vezes, se afastar, respirar e voltar é a melhor solucao.
ResponderExcluirabraco profundo.
Eu devo ter sentido alguma coisa parecida quando tinha por volta dos meus 12 a 16 anos de idade. Não sei se foi pela fase intermediária em meio da adolescência ou o início de uma depressão que vinha por conta de alguns bullyings sofridos por conta de um sobrepeso - esse último que dura até hoje -, mas eu sei como é estranha e confusa essa sensação. Como se nada nos prendesse. Como se fôssemos dentes-de-leão.
ResponderExcluirCom carinho,
Conto Paulistano.
Oe!
ResponderExcluirÉ comum pra mim me sentir assim. É meio triste e me paralisa muitas vezes, mas é algo que você tem de lidar todos os dias. Me arrependo muito de ter agido de certa forma ou não ter aproveitado certo momento por causa desse sentimento, mas eu realmente não posso me prender ao que está atrás, isso piora muito.
Espero que você esteja bem ou fique bem c:
Beijos
Se Esse Mundo Fosse Meu
Bela metáfora. Eu já me senti assim, como se eu me visse de fora de mim, como se eu não estivesse presente nos momentos. Foi quando eu comecei o blog, algumas pessoas próximas me disseram que eu estava entrando em um processo depressivo, nem sei ao certo se realmente estava, mas eu consegui reverter essa situação.
ResponderExcluirhttps://deixacombinado.wordpress.com/
Eu adoro seus textos, suas reflexões e suas ilustrações.
ResponderExcluirAliás, estava dando uma olhada no seu tumblr e está cada vez melhor! <3
http://heyimwiththeband.blogspot.com.br/
às vezes tenho essa sensação tb. de não estar sempre no presente.
ResponderExcluir=/
estou, inclusive, trabalhando para melhorar isso.
bjão
www.jeniffergeraldine.com
É a falta de algo novo!
ResponderExcluirOi Bruna, que texto sensível! Gostei da sua metáfora. Sempre que eu venho aqui e leio o que você escreve, sinto como se tivesse alguém que passa pelas mesmas coisas que eu. Não sei você, mas eu sou um bocado depressiva, e pra quem é assim, a vida pode ser muito complicada, às vezes. É como se tudo o que a gente sentisse fosse com uma intensidade muito maior que as outras pessoas, não só a tristeza, mas a alegria também. Pessoas normais não sobreviveriam nem um segundo vivendo como a gente haha'
ResponderExcluirFica bem! Beijos!
31 de Março
Alguns vivem apenas através da arte.
ResponderExcluirBruna, compreendo totalmente esse seu sentimento, viu? Eu até evito sair porque não me sinto confortável.
ResponderExcluirÀs vezes parece que eu fico flutuando por aí, sem realmente existir e fazer parte de nada.
É complicado!
Beijos
www.jadeamorim.com.br
Que texto mais bonito...!
ResponderExcluirAlgumas sensações nos atordoam, ou porque nos aterram ou porque, como no que foi descrito, quase que nos desmancham.
Tenha um domingo lindo ♥
O Único Jeito
Essa sensação que temos de as vezes não pertencer a esse mundo é engraçada não é mesmo?
ResponderExcluir"Yeah, Dream High!"
Dos seus textos esse é com o qual mais me identifiquei Bruna, você expressou com clareza algo que eu achei ser particularmente meu. Quero dizer então, que não está sozinha.
ResponderExcluirVocê já chegou a se perguntar você mesma era real?
lua-de-carmim.blogspot.com
Eu consegui me sentir nessa situação lendo o texto...
ResponderExcluirwww.cupidobrega.com.br
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Babe, eu entendo o seu sentimento, pois já me senti assim há uns anos atrás. Não mais! Porém, não fica assim não, porque isso não faz bem.
ResponderExcluirBeijos, babe
Supimpa Girl
Oi,Bruna ♡ tudo bem por aí? Como eu sempre digo,você escreve tão bem,mesmo você talvez dizendo que não mas é tão bom ler sua escrita. Eu já me senti assim por várias vezes,e era tão depressivo,e na verdade está sendo! É tão ruim,mas nos faz pensar muito sobre a nossa vida. EU conjugo minha vida nesse pequeno quote.
ResponderExcluirBeijos ♡
reckless
Acho muito difícil sair da minha cabeça as vezes, principalmente quando estou com muitas pessoas. Sempre sinto que não me encaixo no grupo e que todos me acham ridícula. Acho que minha sensação é diferente da sua, mas não deixam de ser limitadores. Eu gostaria de te dizer pra desapegar no seu interior e sair mais da concha, mas é tão bom ficar presa aqui dentro com os nossos pensamentos. Tão aconchegante e confortável. Talvez tenhamos que aprender a abrir mão desse conforto pra que o exterior se torne um lugar confortável.
ResponderExcluirBeijos
Poxa vida, que coisa! Eu lendo seu texto seti uma aflição danada. Deve ser barra lidar com isso todos os dias em? Espero de verdade que algum dia possa encontrar seu lugar no mundo, se encontrar dentro de você mesma. Fica bem, beijos.
ResponderExcluirMemorizeis.blogspot.com
As vezes me sinto assim, ai lembro dos ensinamentos budistas, do carpe diem e tento me focar no presente. Porque ele é o que realmente impota né? =D
ResponderExcluirÉ angustiante quando a gente simplesmente não consegue se ligar (ou até mesmo lidar) com o que está ao redor, né? Algo tão simples, tão natural, que a gente faz sem nem perceber... Um dia tudo bem, mas quando vira algo constante... Ah, parece que a gente não habita nossa própria cabeça, né? Achei a imagem que você usou pra ilustrar seus palavras simplesmente ideal!
ResponderExcluirJá me senti assim também, Bruna! É meio frustrante, né? Acho que, em momentos assim, tudo que a gente precisa é se afastar um pouco, dar uma respirada, tirar um tempo pra nós mesmos e então, tentar de novo. Normalmente é o que funciona pra mim... Ah, e adorei a metáfora!
ResponderExcluirUm beijão,
Gabs do likegabs.blogspot.com ❥