6 de junho de 2016

Sempre gostei do mar.


Eu tenho essa mancha pegajosa e escura dentro do meu peito. Parece que meu coração é um rio de piche, que engole e mata qualquer sentimento bom.
Faz tantos anos que eu me sinto assim, lembro-me de aos 11 anos andar sozinha pelas ruas à noite, sentindo o vento gelado machucar meus braços frágeis de criança. Eu andava pela orla da praia, sempre amei o mar. Eu o escutava me chamando, mas algo sempre me segurou para eu não pular nas pedras.
Fico imaginando: e se eu tivesse pulado no mar naquele tempo? às vezes me arrependo de não ter saltado. Geralmente penso nisso quando a madrugada chega, é o horário que mais me sinto sozinha. Fico relembrando o motivo de não ter ido embora de casa, de não ter me afogado. Então lembro da carta que a minha mãe me escreveu, ela pedia para eu não ir, me pedia para eu não me matar. Eu encontrei a carta na minha cama e colei na parte de dentro do meu armário, assim me lembraria todos os dias ao me vestir, que ficaria viva por causa dela. Como uma criança de 11 anos pode ser capaz de querer se afogar?

Hoje eu tenho 21 anos, alguns momentos foram melhores do que outros na minha vida. Tive épocas felizes e pessoas que amei, mas no fundo algo em meu coração grita. Eu deveria trocar de coração.
Eu não falo muito sobre o que sinto para as outras pessoas, e ando me escondendo mais ainda, queria me esconder dentro de mim mesma.
Mês passado eu quis andar até o mar e me jogar nele. Procurei a carta da minha mãe entre os meus pertences, mas não a encontrei, eu deveria carrega-lá para todos os cantos comigo.
Agora eu tenho mais uma pessoa para não abandonar. É egoísmo ou tolice continuar vivendo pra não machucar quem amo?

4 comentários:

  1. engraçado ler isso, pensei nisso esses dias... parei de me fazer essa pergunta quando percebi o quanto seria injusto comigo deixar de viver. tudo o que eu perderia. inclusive o mar... bonito texto!

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  2. :(

    Eu compreendo muito bem o que está passando.
    Acho que nem tenho o que dizer, na verdade.
    Qualquer palavra seria tão pouco!

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  3. Que profundo o texto. As mães tem papel primordial em praticamente tudo na nossa vida. Ás vezes eu também queria mudar de coração.
    Beijos,
    Monólogo de Julieta

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  4. Muito bonito! Eu também, às vezes, tenho vontade de ser com o mar, de ser mar... mas também carrego cartas que me lembram de resistir!

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