Na manhã de sexta-feira, 28 de março, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas, uma para Leonard (seu marido) e outra para Vanessa (sua irmã) — as duas pessoas que mais amava. Nas duas cartas explicava que vinha ouvindo vozes e acreditava que nunca mais ficaria boa; não podia continuar estragando a vida de Leonard. Ela colocou o bilhete sobre a lareira da sala de estar, e cerca de 11h30 esgueirou-se para fora, levando sua bengala de passeio; e atravessou os prados até o rio. Leonard acreditava que ela já havia feito uma tentativa para se afogar: assim, teria aprendido com o fracasso, e estava decidida a não falhar de novo. Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte, ‘a única experiência’, dissera um dia a Vita (a mulher que um dia amou), ‘que nunca descreverei'.
Essa é a descrição do suicídio de Virginia Woolf, escrita por seu sobrinho, Quentin Bell.
No dia 28 de março de 1941, aos 57 anos, Virgínia vestiu um casaco, encheu seus bolsos de pedras e se afogou no Rio Ouse. Seu corpo foi encontrado somente três semanas mais tarde, em 18 de abril de 1941, por um grupo de crianças perto da ponte de Southease.
Ela é uma das minhas escritoras britânicas favoritas, tenho o livro Passeio ao Farol e um box de livros dela contendo Noite e Dia, As Ondas, A Viagem, Entre os Atos, Os Anos, O Quarto de Jacob, que ganhei de uma pessoa na época muito querida.
A carta de suicídio que ela deixou para o marido me toca demasiadamente:
Meu Muito Querido,
Tenho a certeza de que estou novamente enlouquecendo: sinto que não posso suportar outro destes terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou a começar a ouvir vozes e não consigo concentrar-me. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor. Deste-me a maior felicidade possível. Foste em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou destruindo a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. Não consigo ler. O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Foste inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer isso — e toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo, menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos.
V.
Virginia woolf também me toca demais. Eu li muita referência dela em outros livros e estudos, mas não tive coragem de pegar um livro inteiro para ler. A carta já conhecia, ela me parte o coração.
ResponderExcluirBeijos
www.jadeamorim.com.br
Me arrepiei inteira! Lembro de ter visto sobre o suicídio da Virgínia Woolf no livro A Menina Submersa e me tocou profundamente. Vou buscar esse livro para ler e outros da autora!
ResponderExcluirLiteralize-se!
Eu ouvi falar muito sobre os livros da Virgínia Woolf, mas confesso que nunca li uma obra dela, e muito menos sabia que ela morreu desse jeito.
ResponderExcluirAchei tão triste a carta dela e só de pensar que muitas pessoas tomam as mesmas decisões que ela, por achar que não há solução. Em quantas pessoas precisam de ajuda, às vezes até convivem conosco, e não percebemos.
Beijos
ah! E fiquei curiosa para ler pelo menos um livro dessa escritora.
Nunca tinha lido a carta de suicídio dessa escritora. Porém, tenho bastante curiosidade para conhecer melhor a sua obra.
ResponderExcluirBeijos
Mari
www.pequenosretalhos.com
Acho lindo quando blogs abordam tal tema. Eu não conhecia o trabalho dela, mas depois desse texto com certeza vou procurar a respeito. A carta me tocou profundamente, e me entristece muito pensar que mentes tão brilhantes podem, muitas vezes, ser tão barulhentas. Parabéns pelo post <3
ResponderExcluirUm pouco pesado a história e sinceramente? Gostei. Livros assim sã ótimos porque mostra que nem tudo é um conto de fadas.
ResponderExcluirOi Bruna, tudo bem? Não conhecia essa história e fiquei surpresa com o acontecido. Confesso que nunca li nenhum livro que fizesse menção a sua história ou vida. Vou procurar pela internet livros que falem mais sobre isso. É sempre bom conhecer novos autores. Beijos, Érika =^.^=
ResponderExcluirque carta angustiante, fiquei com o coração na mão, imagino que suas obras devem ser tão tocantes quanto, não conhecia, mas acho que gostaria.
ResponderExcluirBlog Entre Ver e Viver
Uau, que texto meu povo! Eu fico com o coração pequenininho lendo essas obras! Gostei bastante ♥
ResponderExcluirEu nunca li nada dela, mas tenho essa concepção do suicídio. A carta também me tocou profundamente, mas deixou meu coração absorto, pequeno diante das palavras. Acho que só quem realmente passa pela sensação de incapacidade consegue perceber o peso do mundo. Adorei teu post ♥
ResponderExcluirNossa. A carta dela é bem tocante. Não conhecia ela e agora, após sua postagem, fiquei curiosa por suas obras.
ResponderExcluirwww.memorizeis.blogspot.com
Arrepiossss =O
ResponderExcluirNão conhecia a história da autora e nunca li nada dela. Preciso reparar este erro =O
O nome dela me soa familiar mas os títulos de seus livros não.
ResponderExcluirMuito tocante não só a carta de despedida mas todo o post. Vou procurar para saber mais sobre a autora e seus livros.
Confesso que até então não conhecia a autora Virgínia Woolf e suas obras. Adorei esse post porque tive a oportunidade conhecer esses livros que tenho certeza que vou gostar de ler
ResponderExcluirNão conhecia a autora, mas achei esse teu texto bem impactante. Esse trecho " Quero dizer isso — e toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo, menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos." é bem profundo, bonito e triste.
ResponderExcluirO nome dela me soa familiar, mas não me recorde de onde. Não suas obras e muito menos a autora em sim, com certeza irei pesquisar mais sobre ela. Sobre a carta deixada para o marido de Virginia, bem tocante. Até mais!
ResponderExcluirColecionando Palavras
Oi, Bruna!
ResponderExcluirQue triste! Infelizmente, muitos gênios, incluindo os literários, flertaram a vida toda com doenças mentais. Parece que funcionam diferente dos medianos mortais. Sempre quis ler algo bom.
Beijos!
Gatita&Cia.
Eu nunca tinha lido nada dela, achei realmente tocante o relato da sua vida e como ela lutou com essa doença e o ponto crítico de tirar a própria vida.
ResponderExcluirNossa, Bru que tristeza sem fim isso. Não conhecia :/ No momento, estou dispensando coisas tristes para ler, sabe?
ResponderExcluirBeijão, babe
Supimpa Girl
Infelizmente, não estou a parte das obras de Virginia por meio da leitura de suas obras, à não ser por uma ou outra referência em maio às minhas leituras cotidianas. Porém, a história de seu suicídio já é bem famosa, e eu acho tão triste que algo assim aconteceu a uma pessoa tão talentosa, na verdade é triste que aconteça a qualquer pessoa, mas...
ResponderExcluirBem, muito bom saber que ainda existem verdadeiros apreciadores da literatura.
Beijo!
Blog Insaturada
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"Foste inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer isso — e toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo, menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida."
ResponderExcluirTodas as vezes que pensei e comecei a escrever uma carta dessas, era como esse trecho da carta de Virgínia. Dói tanto sentir-se assim. É tão pesado.